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"MEUS HERÓIS ESTÃO TODOS AQUI". A AFIRMAÇÃO É DA ADVOGADA DE DEFESA DOS PM NO CASO CARANDIRU


Massacre do Carandiru49 fotos

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15.abr.2013 - Plenário do Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, momentos antes do início do primeiro dia de julgamento dos 26 policiais militares acusados de envolvimento no massacre do Carandiru, na manhã desta segunda-feira (15). Na semana passada, os trabalhos foram suspensos após uma das juradas passar mal. O maior massacre do sistema penitenciário brasileiro ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante uma invasão policial Leia mais Leandro Moraes/UOL
A advogada dos 26 policiais militares acusados pela morte de 15 presos do segundo pavimento do complexo penitenciário do Carandiru, Ieda Ribeiro de Souza, classificou os réus como seus "heróis" e disse sentir orgulho deles "por serem efetivamente o que a sociedade espera que sejam". Ela ainda analisou que PMs, de um modo geral, são "seres invisíveis por quem a gente passa na rua e nem olha na cara --ainda que ele vá salvar meu filho, pai ou irmão".
As declarações foram feitas pela advogada na fase de debates do júri que acontece neste sábado (20) no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de SP). Mais cedo, foi a vez de a acusação apresentar seus argumentos aos jurados pedindo a condenação dos réus. Ela começou a exposição às 14h20 e terá até três horas para falar.
"Meus heróis não morreram de overdose, estão todos aqui", disse a advogada, dirigindo-se aos 24 réus que compareceram ao júri. Aos PMs que fazem a segurança no plenário, recomendou: "Não recuem, não se omitam". Falando diretamente aos jurados, lembrou-os de que estão longe da família há quase uma semana, sem remuneração por isso, e também os classificou como "heróis".
Ieda começou as alegações sobre o argumento da acusação de que os PMs plantaram armas no presídio –foram localizadas 13, seis das quais, segundo a promotoria, sem origem definida. Para o Ministério Público, também houve adulteração do local do crime.
"Se acharam que houve adulteração do local, que mexeram intencionalmente ali, por que os promotores não denunciaram esse crime? Isso é fraude processual", disse, para completar: "Não denunciaram porque não encontraram uma prova".
"Não venha dizer que 13 armas foram intrujadas, não estamos lidando com moleques. Tenho 26 PMs em um total de 79 denunciados. Eu não plantaria 13, eu plantaria 111 [armas de fogo]", disse a advogada.
A advogada disse que Fernando Pereira da Silva é promotor do caso há cerca de um ano, enquanto que ela está na defesa do grupo desde 1997. Citou ainda que há jurados que nasceram no ano do massacre ou que sequer haviam nascido quando ele aconteceu, há 20 anos, seis meses e 18 dias.

"Faltou coragem ao judiciário"

Durante sua explanação, Ieda criticou a Justiça ao perguntar se os jurados sabiam os motivos pelos quais "esse processo levou 20 anos para ser julgado", respondendo em seguida: "Porque ninguém teve coragem de trancá-lo [impedir que tenha andamento], faltou coragem ao judiciário, a coragem que aqueles homens tiveram [os policiais militares que participaram da invasão da Casa de Detenção]."

A advogada afirmou que "a Justiça Comum não sabe, não funciona, não entende a organização [da Polícia Militar]", ao explicar por que considera que é um "problema" a realização do julgamento pela Justiça Comum.
Em oposição à ideia apresentada mais cedo pela acusação de que "cada tropa deve responder por sua ação coletiva", a advogada defendeu que é preciso dizer o que cada um dos réus praticou individualmente. "A pessoa tem que ser julgada pela sua conduta, não porque a tropa faz, isso é direito penal. Acusação genérica, eu não tenho do que me defender. Eu preciso que o senhor me acuse de algo para eu dizer o que eu não fiz."
Fonte: Portal uol / youtube

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