4.12.12

JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI DESCONFIAVA QUE CORONEL DA PM QUERIA "INTIMIDA-LA OU MATA-LA", DIZ TESTEMUNHA>

O cabo Sérgio Costa Júnior (de costas), réu confesso no assassinato da juíza Patricia Acioli, é julgado em fórum de Niterói
A advogada Ana Cláudia Abreu Lourenço, que defendia o policial Sammy dos Santos Quintanilha, acusado de assassinar a juíza Patrícia Acioli, afirmou que a magistrada disse ter desconfiado da atitude do coronel da Polícia Militar Cláudio Oliveira, que retirou a sua escolta armada. Segundo a advogada, a juíza acreditava que o que o coronel quisesse "intimidá-la ou matá-la". Ana Cláudia depõe nesta terça-feira (4), na 3ª Vara Criminal de NIterói, no julgamento do cabo da Polícia Militar Sérgio Costa Júnior, réu confesso pela morte de Patrícia.
A testemunha disse que atuava no fórum de São Gonçalo havia dez anos e que, por isso, tinha convívio constante com Patrícia Acioli. Dias antes, Acioli havia decretado as prisões de policiais do 7º BPM envolvidos em um falso caso de auto de resistência.
Ana Cláudia confirmou ter avisado a quatro dos 11 policiais militares acusados pelo crime sobre os mandados de prisão que foram expedidos por Patrícia Acioli horas antes do assassinato. Ela costumava manter contato com todo o grupo, já que eles eram réus no mesmo processo. "Nesse dia, eu falei algumas vezes com o Jefferson [de Araújo Miranda]", afirmou a advogada. Ela também passou a informação para os acusados Daniel Benitez Lopez, Sammy dos Santos Quintanilha e Charles Azevedo Tavares, de acordo com o depoimento.
Em conversa com a juíza, segundo a testemunha, a magistrada também teria contado o episódio no qual ela e o coronel Cláudio Oliveira tiveram uma briga durante o jogo Brasil x Chile, no Maracanã, em 1992.
Beneficiado pela delação premiada, já que o depoimento do cabo foi fundamental para que a Divisão de Homicídios elucidasse o crime, Júnior será julgado separadamente dos outros dez réus. Ele foi denunciado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha armada, cujas penas máximas somadas podem chegar a 38 anos de prisão.
Há possibilidade de redução de pena --segundo a legislação, o benefício seria a redução de um a dois terços da punição aplicada por homicídio.
Após colher o depoimento do réu confesso na Divisão de Homicídios, o delegado Felipe Ettore requereu ao Ministério Público o interrogatório do cabo da PM em Juízo, no qual ele confirmou a delação premiada. Um outro acusado, cabo Jefferson Miranda, também chegou a optar pela delação premiada em depoimento à Justiça, mas acabou voltando atrás.
Seis testemunhas foram arroladas pelos representantes de defesa e acusação, metade para cada. A estratégia da defesa é enaltecer a importância da delação premiada com o objetivo de provocar a maior redução de pena possível.

Entenda o caso

De acordo com a investigação da Divisão de Homicídios, dois PMs foram responsáveis pelos 21 disparos que mataram Patrícia Acioli: o cabo Sérgio Costa Júnior e o tenente Daniel Santos Benitez Lopez, que seria o mentor intelectual do crime, a mando do tenente-coronel Cláudio Oliveira.
Outros oito policiais militares teriam realizado funções operacionais no planejamento do assassinato e responderão por formação de quadrilha e homicídio. Apenas Handerson Lents Henriques da Silva, que seria o suposto informante do grupo, não foi denunciado por formação de quadrilha.

CASO PATRÍCIA ACIOLI EM NÚMEROS

  • 11

    pMs
    Foram denunciados pelo crime, dos quais dez por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha.
  • 1

    PM
    Foi denunciado apenas por homicídio, já que, segundo o MP, ele atuou como informante do grupo, o que não configuraria formação de quadrilha.
  • 3

    PMs
    Serão julgados no dia 29 de janeiro de 2013. São eles: Junior Cezar de Medeiros, Jefferson de Araújo Miranda e Jovanis Falcão Junior.
  • 7

    PMs
    Ainda esperam resultados de recursos.
  • 21

    Tiros
    Foram disparados contra a juíza Patrícia Acioli na noite do dia 11 de agosto de 2011.
O assassinato de Patrícia Acioli se deu por volta de 23h55 do dia 11 de agosto do ano passado, quando ela se preparava para estacionar o carro na garagem de casa, situada na rua dos Corais, em Piratininga, na região oceânica de Niterói. Benitez e Costa Júnior utilizaram uma motocicleta para seguir o veículo da vítima.
Algumas horas antes de morrer, a magistrada havia expedido três mandados de prisão contra os dois PMs, réus em um processo sobre a morte de um morador do Morro do Salgueiro, em São Gonçalo.
A juíza era conhecida no município por adotar uma postura combativa contra maus policiais. Segundo a denúncia do MP, o grupo seria responsável por um esquema de corrupção no qual ele e os agentes do GAT recebiam dinheiro de traficantes de drogas das favelas de São Gonçalo.
Além de Sérgio Costa Júnior, outros dez acusados aguardam julgamento no caso. Junior Cezar de Medeiros, Jefferson de Araújo Miranda e Jovanis Falcão Junior serão julgados no dia 29 de janeiro de 2013 e tiveram o processo desmembrado dos demais acusados.
Os outros sete réus listados no caso aguardam julgamento de recurso contra sentença de pronúncia, que definirá se deverão ser submetidos ao júri popular ou se responderão pelo crime em uma vara criminal comum. São eles: Jovanis Falcão Júnior, Jeferson de Araújo Miranda, Charles Azevedo Tavares, Alex Ribeiro Pereira, Júnior Cezar de Medeiros, Carlos Adílio Maciel Santos, Sammy dos Santos Quintanilha.

Fonte: Uol.com

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